quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Reviews de Agosto - Parte II

Eis mais alguns reviews desse mês. Viajarei nesse final de semana e não garanto ter algo para publicar na próxima semana. Mas dia 5 a edição três de Na Toca do Lobo estará no ar.


Cinema:

Brüno (Brüno, 2009, EUA, dir. Larry Charles)

(Brüno)

Minha reação ao assistir Borat em março de 2007 foi um misto de repulsa ao exagero do humor negro e ao explícito, com prazer por ter me divertido em diversas cenas do longa. Dessa maneira, minhas expectativas eram médias com relação a Brüno, mas ainda assim eu sabia que Baron Cohen poderia me surpreender. E o fez. Pena que negativamente.
A “história” gira em torno de Brüno, um apresentador de TV austríaco, dono de um programa voltado para o público homossexual, após este ser demitido e ter se decidido a ficar famoso nos Estados Unidos. Assim, acompanhamos o personagem de Sacha Baron Cohen em uma busca desesperada por fama, trama que critica de maneira árdua as pessoas que não medem esforços para alcançar o estrelato. Em sua jornada, Brüno grava programas explicitamente ofensivos (o tempo em cena de um determinado órgão sexual rivaliza com o de alguns filmes pornôs), adota uma criança africana (se Madonna e Angelina podem...) e até cogita se tornar heterossexual (as perguntas que o personagem faz a um pastor cristão formam um dos pontos altos do filme).
Realizando uma composição de personagem absurdamente eficaz, Baron Cohen demonstra ser muito competente na arte da atuação, ainda que seja beneficiado pelo fato dos personagens Ali G, Borat e Brüno serem de sua própria autoria. Os trejeitos, as expressões faciais e o sotaque que distinguem cada uma de suas famosas interpretações podem até mesmo fazer com que alguns espectadores jamais desconfiem se tratar do mesmo ator por trás.
Infelizmente o filme não funciona como uma peça narrativa coesa, parecendo uma colagem de sketches de televisão, que provavelmente soariam bem melhor no programa apresentado por Cohen. Dessa maneira, as piadas não se perderiam no contexto (chamar Mel Gibson de Führer foi genial). Provavelmente graças à fama do ator, as cenas realmente realistas parecem drasticamente reduzidas, o que era um dos grandes charmes de Borat. Uma das melhores cenas ficou restrita aos créditos finais, quando alguns artistas famosos fazem pontas divertidas.
Brüno é um filme sem estrutura narrativa, praticamente sem história (há uma intenção nas ações episódicas do personagem, mas só isso), com uma tentativa artificial de romance, e que só sobrevive ao ostracismo graças ao talento do ator Sacha Baron Cohen, que nos faz acreditar que figuras como Borat e Brüno realmente existam.
2 estrelas em 5





TV:

1) True Blood 2x08
O cliffhanger do episódio anterior foi tão interessante que eu realmente acreditei que Jason pudesse ter deixado os espectadores órfãos de suas burradas antológicas, mas a arma utilizada por Sarah foi simplesmente uma pistola de Paintball. Descobrimos finalmente que Godric é um personagem fascinante, decidido a colaborar substancialmente para o fim da disputa entre vampiros e humanos, e a coexistência pacífica dos dois povos, em uma espécie de utopia no melhor estilo Charles Xavier (o mentor dos X-Men, que busca a paz entre mutantes e humanos). Impedindo uma batalha que deixaria muitos mortos na Sociedade do Sol e entre os vampiros do Texas, e que poderia significar o fim de Sookie, Bill e Eric, o vampiro milenar é ajudado curiosamente por Jason Stackhouse a acabar com as forças empáticas de Steve Newlin e dissipar o grupo sem maiores percalços.
Em Bon Temps, a tensão aumenta, se é que era possível. MaryAnn coloca o corpo de Daphne no frigorífico de Sam, levando-o a ser detido pela possibilidade do homicídio. Mas o bizarro fica no uso que a Mênade dá ao coração da metamorfa: picado em pedaços e unido com vegetais, vira recheio de uma torta que ela serve a Tara e Eggs. O dominado casal se delicia com a funesta refeição e logo os dois começam a se violentar, afetados emocionalmente por MaryAnn. Jessica e Hoyt voltam à Louisiana e a jovem vampira descobre que será virgem por toda a eternidade! No ninho de Godric, a celebração pelo seu retorno conta com uma desavença entre Lorena e Sookie (resolvida prontamente pelo Xerife) e com uma estarrecedora ameaça, cujo desenrolar foi deixado para o episódio seguinte.
Nota: 10

(A pobre Tara, que só se ferra nessa série)

2) True Blood 2x09
O atentado da Sociedade do Sol é bem-sucedido em sua realização, mas não tanto no impacto, uma vez que poucos vampiros foram afetados e o fato serviu apenas para piorar as relações entre as raças. O fato mais impactante decorrente da explosão foi Sookie ter sido ludibriada por Eric e agora ter provado o sangue do vampiro, tornando-se para sempre conectada com ele.
Hoyt leva Jessica para conhecer sua preconceituosa mãe, o que não dá muito certo e agora a garota está sofrendo por não ser capaz de gerar progênie. Adoro o romance do casal, mas lamento que essa trama esteja tão desconectada de todas as outras. MaryAnn invade a delegacia da cidade e liberta todos os presos, apesar de Sam escapar de suas garras transformado em uma mosca! Confesso que achei exagerado o metamorfo ser capaz de reduzir tão drasticamente a sua massa, afastando o sobrenatural do realismo, quando o ideal seria que ele conseguisse se metamorfosear apenas em mamíferos, ou pelo menos vertebrados, e de massas similares. Dessa forma, parece mágica. O dono do Merlotte’s busca refúgio em Andy Bellefleur, o único na cidade capaz de acreditar nele e não na poderosa Mênade. Aliás, esta visita o restaurante e nos faz descobrir que seus poderes são mais amplos do que pareciam, ao mobilizar a todos os presentes para caçarem o proprietário. Na casa de Sookie, Tara e Eggs são forçados a bater na mãe da garota e em Lafayette. Mesmo assim, estes conseguem fugir do local arrastando a divertida Tara.
Finalmente a trama em Bon Temps parece se aproximar de um desfecho. Gostaria que o casal principal retornasse logo à cidade, pois anseio por saber se os poderes de MaryAnn exercem algum efeito sobre vampiros. Concluindo o ótimo episódio, Godric, que havia se deixado capturar pela Sociedade do Sol, se sacrifica por não mais sentir prazer em viver após dois mil anos, e não gostar do que os vampiros fazem com os humanos. Sua cria e devoto Eric chora amargamente a despedida, e o vampiro queima ao nascer do sol ouvindo as palavras de conforto de Sookie. Preciso fazer três observações sobre a cena: Godric inicialmente me lembrou o personagem Marius (das crônicas de Anne Rice), sábio e preservador das relações com os humanos, mas agora ele se pareceu mais com Armand, melancólico, odioso de sua condição vampírica e desejoso por deixar este mundo; não apreciei particularmente o ator Allan Hyde e creio que um personagem tão marcante merecia um intérprete mais eficaz; mais uma vez Anne Rice prova ter estabelecido as mais interessantes convenções para o gênero, que aqui são desobedecidas constantemente, afastando a narrativa da verossimilhança – se nos livros de sucesso quanto mais antigo um vampiro e mais poderoso o seu sangue, mais difícil é matá-lo, na série de Alan Ball os vampiros mais velhos viram pó em uma fração de segundo após o contato com o sol.
Nota: 9





Quadrinhos:

1) Wolverine 56
A última de quatro partes da caçada de Mística por Wolverine é, infelizmente, a menos interessante delas. É basicamente a luta entre os dois personagens, muito bem desenhada por Ron Garney. O único momento interessante está na década de 20, ao descobrirmos que Logan traiu a trupe de criminosos montada por Raven e os entregou para a polícia, o que sempre parece ter sido seu plano. No presente, o mutante vence o duelo graças ao seu fator de cura, mas, obviamente, não dá cabo da assassina, fazendo uso do velho clichê de deixá-la à míngua e com uma arma para que ela mesma alivie seu fardo, fato que todos sabemos que não vai ocorrer, pois a personagem é muito importante para o Universo X.
Em Wolverine Origens, finalmente sai o desenhista Steve Dillon, embora seu substituto Stephen Segovia não seja digno de nota. Conhecemos na história um pouco da infância de Daken no Japão, abandonado por um pai que não sabia de sua existência. O bizarro é que o cabelo moicano do rapaz é de nascença, algo que eu não imagino ser possível. Mas tudo pode acontecer com mutantes, certo? A criança é adotada por uma boa família japonesa, que o deixa de lado aos poucos após o nascimento de seu filho biológico. Inconformado, Daken acaba causando a ruína daquelas pessoas, e sendo encontrado, após a descoberta de seus poderes, pelo tal Romulus, um vilão que foi adicionado retroativamente na continuidade de Logan, e que ainda não deu as caras. A história não tem bons momentos, embora também não seja exatamente ruim.
Acompanhamos a seguir uma aventura solo de Mercúrio, enlouquecendo na cadeia após a completa perda de seus poderes, até mesmo daqueles adquiridos com os cristais de névoa terrígena dos Inumanos. Os delírios de Pietro são curiosos, partindo dos familiares Wanda, Magneto, Cristalys e Luna, e concluindo com a sempre ótima Layla Miller. A garota que sabe das coisas protagoniza um dos melhores diálogos da história: “Um dia, um sábio chinês sonhou que era borboleta. Quando acordou, se perguntou se era um homem sonhando que era borboleta ou se era uma borboleta sonhando que era homem. E aí? Você é um mutante sonhando que é humano... ou o contrário? Segue a borboleta, Mercúrio”. Em seguida, como se descobrisse que era um mutante sonhando ser humano, Pietro recupera seus poderes e foge da prisão correndo mundo afora, até mesmo sobre a água. A história funciona como um bom retorno para o personagem, que logo deve aparecer nas histórias do X-Factor.
Aliás, a equipe de detetives liderada por Jamie Madrox está cada vez mais interessante. Val Cooper oferece ao rapaz duas possibilidades de futuro: trabalhar para o governo ou dissolver o time, que ficaria sob proteção e vigilância governamental. Claro que Jamie não aceita nenhuma das propostas e desaparece com Theresa, Monet, Guido e Rictor. Alguns meses se passam, a barriga da grávida Siryn cresce e o X-Factor continua agindo, agora em Detroit. Ao final, Val encontra Jamie. Peter David é um roteirista consistente que pode nem sempre ser brilhante, mas dificilmente será decepcionante. Fico na ansiedade pelo retorno de Layla Miller, uma das melhores personagens surgidas na Marvel nos últimos anos.
Nota: 7

2) Avante Vingadores 31
Se essa revista, além do Homem de Ferro, tivesse Motoqueiro Fantasma, Miss Marvel e os Thunderbolts, eu adoraria, porque seriam R$ 7,50 a menos todo mês. Matt Fraction até tenta realizar um bom trabalho nas histórias do ferroso, utilizando Ezekiel Stane como um personagem que desenvolveu tecnologicamente poderes, digamos, um pouco mais orgânicos que os de Tony Stark. O objetivo de Fraction é criar um novo vilão para o Homem de Ferro. A arte de Salvador Larroca (que, apesar de bonita, costuma pecar pela falta de fluidez) está deslumbrante sob as cores de Frank D’Armata, mas nem mesmo a qualidade gráfica ou os dons do argumentista podem fazer algo por Stark, que padece da falta de carisma e, principalmente, da completa ausência de personagens minimamente interessantes para coadjuvar na história. Nenhum personagem que mereça menção aparece nas duas histórias da edição. Lamentável.
A Iniciativa toma rumos curiosos em tempo de Invasão Secreta: personagens pouco conhecidos se reúnem para caçar os Skrulls infiltrados país afora, fazendo uso dos óculos especiais do Homem 3-D. A história trás de volta Sharon Ventura, a Mulher-Coisa, antiga coadjuvante das aventuras do Quarteto Fantástico. Infelizmente, logo descobrimos que era um Skrull disfarçado. Somos informados que há um Skrull em cada uma das cinqüenta equipes da Iniciativa, um plano interessante dos alienígenas. A história conclui quando o novo Homem-Formiga descobre que o Jaqueta Amarela é um traidor e comanda uma frota de invasores.
Nas últimas páginas da edição, Bendis apresenta como se deu a substituição de Elektra por um Skrull. A ninja fabulosa deu muito trabalho para os alienígenas, até ser vencida e substituída por um Skrull chamado Pagon, que parecia ser o amante da Rainha, mas assim mesmo se oferece para a missão suicida de introduzir o pânico silencioso na mente dos Vingadores ao ser assassinado como Elektra e revelar a verdadeira forma Skrull. Através dessa atitude, percebemos que a Rainha mobilizou os corações de todo o seu povo e que os transmorfos verdes se entregaram de corpo e alma a essa Invasão, determinados a tomar a Terra para si. Sabemos que eles serão eventualmente derrotados, mas o que isso significará. Restará alguma maneira da raça sobreviver após tanta dedicação a um plano?
Nota: 5.5

3) Invasão Secreta Especial 2
O segundo número da leva de especiais que apresentará histórias secundárias, mas relacionadas à Invasão Secreta, marca a estréia de uma equipe que substitui o Excalibur: formada por Pete Wisdom e agentes do MI13 britânico, eles visam defender o Reino Unido da invasão verde. Brian Braddock, o Capitão Britânia, assume a frente de combate, auxiliado por Spitfire (que parece ser uma vampira agora, perdi alguma coisa?) e o Cavaleiro Negro (é, aquele que já foi Vingador). Os Skrulls desejam acessar o mundo que abriga a magia ancestral por trás do Reino Unido e tomar para si essa força etérea que sustenta os britânicos.
É uma idéia interessante, e vários seres sobrenaturais surgem em defesa da magia, mas não conseguem impedir que os vilões roubem seus artefatos místicos, fundam-nos e criem um artefato de grande poder a ser usado por um Srull em batalha. Sua vitória iminente se deu porque Braddock sucumbiu perante poder alienígena. Mas Wisdom liberta um Merlin visualmente modificado e aparentemente arrependido de seus anos como vilão do Excalibur. O personagem consegue trazer Brian de volta à vida antes que sua essência se afastasse completamente da realidade. O Capitão Britânia retira a própria Excalibur da pedra e derrota os artífices da magia criada pelos Skrulls. A edição conclui com a aparente formação de uma nova equipe, que conta com os personagens supracitados e também com a freira Faiza, que descobriu ter uma espécie de poderes curativos e parece ter se apaixonado por Dane, o Cavaleiro Negro. Boa edição, apesar de faltar alguma coisa. Não gosto muito de Pete Wisdom, mas os outros personagens são promissores.
Nota: 7

4) Nana 11
Na décima primeira edição da trama estabelecida por Ai Yazawa, Nana/Hachi leva Takumi para conhecer sua atrapalhada família. O Blast termina as gravações e se prepara para sua grande estréia em Tóquio. O Trapnest também conclui os trabalhos e retorna ao Japão, preparados para a iminente batalha de vendas contra o grupo rival. A banda de Nana é instalada em um prédio de apartamentos muito esquisito para artistas da agência que os representa com a gravadora. No local, são apresentadas duas novas personagens: a jovem e divertida atriz pornô Yuri-chan e a solitária e encantadora aspirante a atriz Mil, que mexem com o coração já balançado de Nobu.
O Black Stones faz sua apresentação surpresa nas ruas da Tóquio, e Hachi é avisada e assiste de longe, emocionada pelo sucesso dos amigos. A banda e o Trapnest se encontram em um programa de televisão. Takumi começa a desconfiar de Reira por vê-la com um isqueiro raro semelhante ao de Shin (nós sabemos ser o mesmo), mas a garota está curtindo cada vez mais seu tempo com o ainda adolescente baixista. Infelizmente, tudo indica que ela, apesar de gostar do rapaz, o use para esquecer uma paixão não-concretizada por Takumi. Descobrimos nessa edição que Ren está entrando no mundo das drogas e não é feliz com a vida como membro da banda de sucesso. Yasu o aconselha a viver com o coração, ou acabará morrendo, já que ele não é racional como seu amigo ou Takumi. Na mesma época, Nana tem uma crise de hiperventilação causada por estresse. Seu amante a pede em casamento, buscando salvar a ambos de problemas emocionais mais graves, e sem se importar se o fato vai atrapalhar as bandas ou passar a impressão errada deles para o público. Takumi descobre sobre a intenção do rapaz, e Reira egoisticamente sugere que dois casamentos de uma vez pode ser a ruína da banda. Como o homem de negócios e extremamente racional que é, Takumi parece inclinado a deixar Ren se casar agora para resolver seu problema com as drogas, enquanto sua vida pessoal sem importância fica para depois.
Hachi manda uma mensagem para Shin convidando os quatro membros do Blast para ver fogos em um festival. Yasu consegue adiar um compromisso com uma revista, e os quatro se disfarçam e vão ao apartamento 707 esperar pela garota que há tempos não vêem. Nana espera poder se desculpar e reatar a amizade. Nobu espera talvez convencer Hachi de que esta tomou a decisão errada ao ficar com o líder do Trapnest. Shin só tem saudades da garota, e Yasu percebe tudo que está acontecendo. Mas, antes do encontro, Hachi vai comer um hambúrguer no Jackson Burger e encontra seu ex Shoji. A conversa com o rapaz afeta profundamente a garota, que acaba não comparecendo ao encontro com os amigos. Parece que estes laços estão destinados a permanecerem desatados. O volume conclui aqui, igualando os episódios da primeira temporada do anime. O que virá pela frente? Que novos sofrimentos aguardam Nana e Hachi?
Nota: 10

5) Full Moon O Sagashite 3
A terceira edição do mangá shoujo finalmente desenvolve a história de maneira bem-sucedida. Descobrimos que Takuto, quando vivo, era membro de uma banda formada junto com o pai de Mitsuki e com o Dr. Wakaohji, o médico que cuida da garganta da garota. Takuto teve o mesmo problema quando jovem, e fez a cirurgia para viver, sendo impedido de continuar cantando. O fato acabou impelindo-o ao suicídio, e por isso se tornou um Shinigami. A protagonista ganha complexidade ao descobrirmos que seu amado Eichi morreu no dia em que saiu do orfanato em que viviam, em um vôo para os Estados Unidos. Mesmo sabendo do falecimento deste, a garota continua em busca do seu sonho para que, quando voltarem a se encontrar, ela esteja mais perto de alcançá-lo. Finalmente podemos concluir que Mitsuki não se importa com a morte iminente causada pela doença na garganta porque ao deixar essa vida se encontrará com Eichi e para o encontro precisa chegar mais perto da sua meta e cumprir a promessa que fez ao rapaz.
Ainda na edição, há duas histórias curtas: uma que mostra Meroko como parceira de Izumi e apaixonada por ele, até que é involuntariamente deslocada para acompanhar Takuto e agora dedica seus sentimentos ao jovem Shinigami; a história seguinte apresenta algumas cenas do passado de Mitsuki e Eichi, importantes para que o espectador acredite no sentimento da garota por ele. Foi importante dar uma chance à história, que evoluiu e agora é capaz de prender a minha atenção.
Nota: 8

6) DNA² 1
Há muitos anos assisti uns quatro episódios do anime DNA² em um evento de anime. Eis que agora o mangá chega às bancas brasileiras e um amigo decidiu comprar e me emprestar. Não seria uma aquisição que eu faria, pois não faz realmente o meu estilo. Mas já que li, farei aqui o meu comentário.
Junta Momonari é um adolescente comum, exceto pelo fato de ter uma estranha alergia a mulheres, que o nauseiam e até o fazem vomitar. Claro, o fato gera inúmeras situações cômicas e constrangedoras para o rapaz, comuns de mangás para os adolescentes do sexo masculino. Karin Aoi é uma “operadora de DNA”, vinda do futuro para impedir uma catástrofe populacional. O Japão está consumido pelo excesso de habitantes e o principal causador é um tal de Megaplayboy, um cara que engravidou mais de cem mulheres! A garota viajou no tempo para alterar o DNA do futuro Megaplayboy e impedir esse crescimento habitacional. E eis que o cara é o esquisito Junta, que nem sequer consegue se aproximar de uma garota sem vomitar.
Karin atira em Junta com uma bala modificadora de DNA, mas parece ter utilizado a bala errada e... causado a transformação dele no Megaplayboy. Aos poucos, ele vai assumindo essa faceta apenas por alguns instantes, nos quais se torna um tremendo conquistador e irresistível para as garotas, até mesmo para a própria viajante temporal. Situações divertidas e trapalhadas conduzem a trama, que busca também um lado mais aventuresco ao envolver o rapaz em uma confusão em um restaurante. A premissa é absurda e boba, mas também o é o objetivo da revista, que assim não foge de sua meta e alcança o público-alvo.
Nota: 7

7) Invasão Secreta 5
A dominação Skrull começa a surtir efeito, pois os infiltrados na população humana começam a transmitir mensagens pela televisão mundial informando da Invasão e de que a Terra já foi anexada ao Império Skrull, e que acabou a guerra, o sofrimento, a pobreza, mas serão necessárias adaptações aos eficazes costumes dos alienígenas. No espaço, a Agente Brand salva Reed Richards, a mente mais brilhante do planeta, e este imediatamente começa a colocar em prática um plano para salvar a Terra. Imediatamente monta uma arma que pode revelar os verdadeiros humanos e, na Terra Selvagem, revela que todos os que vieram na nave eram mesmo Skrulls, até mesmo a Harpia, que já estava enamorada de seu ex Gavião Arqueiro, agora Ronin. O fato desperta a ira de Clint Barton, que deseja matar cada Skrull! O momento mais brilhante ocorre na sede da Shield e é protagonizado pela antipática Maria Hill, que revela ser um MVA (Modelo de Vida Artificial), uma lição aprendida com Nick Fury e, surgindo dos céus, destrói todo o aero-porta-aviões. Enquanto o MVA é destruído, fala que vai fazer uma camisa com os dizeres “Nick Fury Tinha Razão”, uma tirada muito divertida da parte de Bendis.
Na história dos bastidores, Ben Ulrich e outros humanos estão presos em prédios e tentam escapar da batalha ocorrendo em Nova York. A história não é emocionante, mas a principal da revista compensa, apesar de muito corrida.
Nota: 8
(um Skrull sedento pelo sangue dos terráqueos!)

8) X-Men 92
Duas histórias dos X-Men de Ed Brubaker e Matt Fraction abrem essa edição. A arte maravilhosa de Greg Land por si só já vale a leitura. A jovem Fada (ex-personagem das histórias dos Novos X-Men) é espancada na rua por humanos, e logo descobrimos ser o Culto do Inferno, comandado por ninguém menos que Empata, que obedece ordens diretas de uma tal Rainha Vermelha. Obviamente, estão ligados ao Clube do Inferno, e suspeito que a mulher seja absurdamente Madelyne Pryor, que já foi envolvida com o Clube nas histórias do X-Man (Nate Grey, o Cable da Era do Apocalipse). Para os desavisados, Madelyne é um clone de Jean Grey criado pelo Sr. Sinistro no passado, e real mãe de Cable antes dele ser enviado ao futuro para ser curado de um vírus tecnorgânico injetado por Apocalipse... Err... esqueçam, é uma mutante psiônica poderosa e ruiva. XD
Os X-Men armam uma emboscada para o Culto do Inferno, e logo descobrem que Empata está mais poderoso que nunca. A tal Rainha Vermelha parece interessada em destruir Emma Frost e, antes de fugir, assume sua aparência (como? Bom, poderes telepáticos podem passar essa impressão. Digo, se for mesmo a Srta. Pryor). Ainda nessa edição vemos Cristal, sem nenhuma explicação sobre como ela saiu do Excalibur, voltou a ser loira e a cantar, e como seu cabelo cresceu. =P Mas tudo bem, alguns meses podem ter se passado. Pequenos deslizes à parte, as duas histórias empolgam, e a fase em São Francisco promete!
Em duas histórias de X-Men Legado, uma revelação surge esmagadora: Sinistro implantou seu próprio DNA nas crianças Xavier, Cain Marko e Sebastian Shaw e, geneticista extremamente brilhante como sempre foi, deixou gatilhos genéticos que seriam ativados automaticamente após a sua morte, de forma que ele usurpasse o corpo de um destes portadores. O humano amigo de Xavier não tinha o gene X. O rubi de Cytorak protege o Fanático, e o pai de Shaw, que trabalhava para Sinistro, construiu uma máquina que o impedia de ser usurpado. Dessa forma, o grande vilão busca usurpar o corpo do Professor X, em um momento deveras interessante, já que este está com poucas memórias de sua vida. Sinistro busca fazer Xavier crer que os X-Men ficam melhor sem ele, e que de alguma forma seu DNA influenciou algumas das decisões do mentor da equipe mutante. Surge uma tal Doutora Mueller, a primeira mutante que Sinistro conheceu e que é imortal, mas isso não impede o envelhecimento de seu corpo. Por isso, ela deseja ser a hospedeira de Sinistro, uma vez que o processo é automático e controlado por uma máquina, que ela modificou de forma a poder entrar na lista e manter suas faculdades mentais. Mas Sinistro toma controle do corpo de Charles, e se ele conseguisse tal façanha, muito me surpreenderia. Mas, mesmo destreinado, o maior telepata da Terra consegue vencer o vilão na sua mente e retomar seu corpo. Ao final, somos surpreendidos por Shaw conversando com uma clone de Sinistro, a qual ele convida para ser sua Rainha Negra. Enquanto isso, Xavier deseja conversar com Scott.
Nota: 9

9) Hunter X Hunter 16
O mangá de Yoshihiro Togashi está cada vez mais interessante ao apresentar o universo do jogo Greed Island, que é na verdade um lugar do mundo real vigiado e controlado pelo que imagino serem os mais poderosos hunters de todos os tempos, entre eles o pai de Gon. Neste volume, alguns jogadores estão prestes a finalmente concluir o jogo, embora algumas cartas raras desafiem suas capacidades de obtenção. Gon, Killua e Biske encontram o temido Hisoka e a misteriosa garota o convida a fazer parte do grupo enquanto buscam uma determinada carta que só pode ser obtida por um grupo de mais de 15 pessoas. Os jogadores devem vencer desafios esportivos, e o organizador é um Game Master, ou seja, um dos hunters que cuida do jogo. Ao saber que Gon é filho de seu amigo, o personagem pega ainda mais pesado no desafio. Fazendo uso personagens tridimensionais e de muito mistério, o autor de Yu Yu Hakusho prova sua qualidade narrativa ao realizar um mangá ainda mais envolvente que seu maior sucesso.
Nota: 9.5

10) D.Gray-Man 4
Na quarta edição do interessante mangá de Katsura Hoshino, Allen conhece o Bookman e seu futuro sucessor Lavi. O Bookman é uma espécie de arquivo vivo sobre os Exorcistas e a história da Innocence. Descobrimos que existe uma Innocence, apelidada de Coração, mais poderosa que as demais, que atrai as atenções do Conde do Milênio e de sua suposta família. Acreditando que por ser mais potente, escolheria alguém importante, os vilões perseguem os Generais da Ordem Negra. Assim sendo, os Exorcistas são divididos em grupos para buscarem encontrar seus Generais e ajudá-los a escapar destes atentados. Assim, Allen, Lenalee, Lavi e o Bookman são designados para seguir os passos do General Cross, ex-mestre do protagonista e mais soturno dos Generais. No caminho, Allen e Lavi acabam indo parar em uma cidade que tem problemas com um aparente vampiro. Dessa vez, a trama ficou para o volume seguinte, dando a entender que finalmente as histórias estão se alongando e que logo uma saga mais extensa deve tomar conta das páginas da história. É um mangá criativo, que me faz perceber que o gênero Shounen no Brasil está contando com ótimas opções (além do bom Naruto, há os ótimos D.Gray-Man, Hunter X Hunter e Full Metal Alchemist, e o excelente Bleach. Infelizmente, o melhor deles, One Piece, está afastado das bancas pelos problemas financeiros e editoriais da Conrad).
Nota: 9

11) Os Cavaleiros do Zodíaco: The Lost Canvas 11
A história da Guerra Santa anterior à época de Seiya parece se aproximar de um final. Os cavaleiros orquestram uma invasão ao palácio de Hades, e o mestre de Shion consegue aprisionar Hypnos. Dessa forma, resta apenas Hades para ser derrotado. Porém, o Imperador toma de vez o controle do corpo de Alone. Kurumada é feliz ao não exagerar o foco da história em seu protagonista Tenma, abrindo espaço para vários cavaleiros de ouro e para outros personagens mais interessantes. A história é razoável, e conseguiu me deixar curioso, minimamente para saber como Dohko sobreviveu ao ataque de Hades, uma vez que sabemos que ele se tornará o vigia do palácio de Hades e mestre de Shiryu. Me questiono sobre o porquê de Masami Kurumada não ter ainda criado uma história ambientada alguns anos no futuro da série original, caracterizando um novo mestre do Santuário (talvez Mu?), novos cavaleiros de ouro (os próprios personagens da saga clássica poderiam integrar este elenco, exceto Seiya, que felizm...lamentavelmente não parece ter sobrevivido) e novos aprendizes. Bom, não acredito que eu estou dando essas idéias, afinal enjoei da série há alguns anos e não teria a intenção de comprar esses mangás. Eu leria se, como neste Lost Canvas, algum amigo adquirir e me emprestar.
Nota: 7.5



Encerro o post com uma apresentação recente do duo Roxette em um festival europeu. Ao que parece, Per e Marie estão de volta para alguns shows! \o/ A performance é incrivelmente boa e eles estão cantando ao vivo, afastando a impressão que eu tinha de que a voz de Marie tinha se deteriorado com a idade.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Reviews de Agosto - Parte I

Como prometido, adianto aqui alguns reviews recentes. Na próxima semana tem mais!


Cinema:

1) À Deriva (À Deriva, 2009, Brasil, dir. Heitor Dhalia)


O pernambucano Heitor Dhalia fez fama com os filmes Nina e Cheiro do Ralo, o primeiro com storyboard e o segundo inspirado em livro do quadrinhista Lourenço Mutarelli. Neste seu novo projeto, Dhalia usou como base um pouco de sua experiência pessoal e escreveu sozinho o roteiro do longa, que apresenta uma família de férias em Búzios, em meio aos conflitos de um casamento e às descobertas da adolescência.
Filipa (Laura Neiva) tem 14 anos e está aprendendo o que é paixão, sexo e intimidade com garotos, ao passo que tem que lidar com o fato de seu pai ter uma amante e apenas ela saber, e sua mãe estar se tornando uma alcoólatra. O pai Mathias (Vincent Cassel) é um escritor francês radicado no Brasil que precisa conceber um novo romance e vai para o litoral paradisíaco buscando a inspiração para tanto. A mãe Clarice (Débora Bloch) é uma professora insatisfeita com a situação de seu casamento.
A direção de Dhalia tem em seus pontos altos os excelentes planos debaixo d’água (o trabalho de som também colabora para o sucesso das cenas) e alguns planos seguindo Filipa pela praia. O uso de closes pode ser considerado excessivo para alguns, mas é importante para delimitar o clima intimista e pessoal da história. Todavia, algumas cenas são atropeladas e a montagem peca na continuidade, criando um clima episódico na narrativa.
A fotografia de Ricardo Della Rosa (Casa de Areia) é belíssima, apostando no uso elevado do contraste, que ressalta a cor da pele dos personagens, sobretudo da protagonista Filipa, que faz grande parte das cenas em trajes de banho. As belas paisagens do litoral brasileiro auxiliam a fotografia a capturar a atenção do espectador. Percebemos que se trata de um filme de época, ambientado nos anos 80, pelas câmeras fotográficas analógicas, discos em vinil e máquinas de datilografia. Talvez as roupas pudessem auxiliar esse clima, afinal os anos 80 brasileiros foram marcados pelo mau gosto no vestuário e isso não é observado na obra. Para completar, a atriz americana filha de uma brasileira Camilla Belle (10.000 AC) surge com um figurino estranhíssimo para uma personagem americana, sempre com lenços na cabeça e exagerando na mistura de cores.
Se Laura Neiva (que foi descoberta no Orkut e vivenciava na filmagem a mesma fase da vida personagem, conferindo um realismo impactante à narrativa) retrata perfeitamente as emoções de Filipa, expressando na sua face os sentimentos da personagem, não faz o mesmo bom trabalho com os diálogos, que, em todo o elenco infanto-juvenil, soam artificiais e decorados. Por outro lado, Cassel cria um Mathias amável, como pai e muitas vezes como marido, apesar de suas atitudes mais visíveis escondem a angústia que vivencia em seu casamento. Débora Bloch confere autenticidade ao alcoolismo de Clarice e ao seu sofrimento diante da crise. Se Mathias, apesar de sensível, não deixa transparecer o que sente de verdade, Clarice é durona, mas se derrama em lágrimas ao pensar na real situação de sua vida. Já Camilla Belle surge completamente apática e nada consegue fazer para evitar que esqueçamos seu personagem dentro de pouco tempo.
O roteiro do filme toma rumos interessantes, mas falha na concepção dos diálogos, muitas vezes bobos e ineficazes. Talvez por isso, o diretor toma a decisão acertada de economizar no uso destes, deixando para o espectador a apreciação das paisagens e do que ocorre na personalidade de Filipa durante a história. A impulsiva garota é uma típica adolescente, desafiando os pais e buscando se enturmar com os colegas da praia. Sua história cresce em ansiedade durante o longa, culminando no momento em que sua mãe lhe conta a verdade sobre a crise no casamento.
Destaco ainda dois bons momentos da narrativa (não leia se não assistiu ao filme): Mathias não está acostumado a cuidar da casa e dos filhos, mas no momento em que se vê obrigado a tomar conta da casa, lava a louça desajeitadamente, assumindo a responsabilidade que agora lhe cabe; Na última e pior “bebedeira” de Clarice, seu filho mais novo a encontra caída no chão da casa, e Filipa tem que dar um banho gelado na mãe e cuidar dela, cena que apresenta uma inversão de papéis cruel para a adolescente, mas parte da vivência que vai formar o seu caráter.
Com algumas falhas no roteiro e na direção, À Deriva desperdiçou o potencial que tinha para ser um filme brilhante, mas ainda assim consegue cativar a atenção do espectador e oferecer um bom espetáculo visual e emocional que certamente compensa o custo de um ingresso ou uma locação.
3 estrelas em 5

2) G.I.Joe: A Origem de Cobra (G.I.Joe: The Rise of Cobra, 2009, EUA, dir. Stephen Sommers)


Os bonecos dos G.I. Joe, ou como eram mais conhecidos no Brasil, os Comandos em Ação, fizeram parte da minha infância. Ou melhor, foram os principais responsáveis pela maior parte das minhas brincadeiras, com outros bonecos variados junto. Quando comecei a ficar velho para brincar, ainda assim não os abandonei, divertindo-me mais em bolar histórias mirabolantes das mais variadas, inspiradas nos filmes, desenhos e quadrinhos que compunham o meu lazer da época, do que em realmente brincar. Quando pude notar que era mais divertido criar as histórias, parei de brincar e comecei a escrever. Mas até hoje, guardo meus Comandos em Ação prediletos juntos a outros itens que coletei com o passar dos anos.
Dito isso, eu não tinha grandes expectativas para o filme G.I.Joe, pois eu raramente seguia o estipulado para os personagens em minhas brincadeiras, e simplesmente aproveitava os bonecos em histórias de artes marciais, super-heróis, etc. Além disso, o nome de Stephen Sommers na direção não me deixou exatamente empolgado. A história apresenta um time formado pelos melhores soldados do mundo, enfrentando uma célula terrorista em formação, ambos fazendo uso de tecnologia de ponta para alcançar seus fins.
Após quinze minutos de película, perguntei-me se o filme não seria na verdade dirigido pelo Michael Bay, já que a cada instante novas e maiores explosões surgiam em cena. Por ser um blockbuster de verão focado na faixa adolescente masculina, seu foco está nas cenas de ação, estas bem esquematizadas e acompanhadas por efeitos visuais competentes, por um trabalho visual tecnicamente correto (em trajes, aviões, armas, etc.), além de um ótimo esforço no som, que normalmente é lembrado nas cerimônias do Oscar para o gênero. A tecnologia exibida pelos personagens é criativa, sobretudo os hologramas que parecem ser capazes de se movimentar livremente (ainda não compreendi exatamente como eles fazem isso =P).
Infelizmente, o filme é extremamente falho no roteiro e nas atuações, que boicotam o longa. A trama é desnecessariamente confusa, e o número excessivo de personagens atuantes não permite que nos identifiquemos adequadamente com nenhum deles, até porque são pobremente estabelecidos pelo roteiro, e o filme se conclui sem que tenhamos eliminado todas as confusões sobre quem é quem. A história investe em personagens comuns desse tipo de produção: o mocinho imbatível (Duke, vivido por Channing Tatum); o chefe durão (General Hawk, vivido por Dennis Quaid); o amigo engraçadinho (Ripcord, interpretado por Marlon Wayans); o vilão afetado (uma caricatura de Christopher Eccleston como McCullen); e até mesmo um cientista louco (encarnado por Joseph Gordon-Levitt).
O longa tenta estabelecer um clima de tensão, mas não obtém sucesso, pois em momento algum sentimos que os personagens bonzinhos têm chance de não sair por cima da trama. Ao revelar a verdade sobre o cientista louco, os roteiristas esperam que nos choquemos e torçamos para que Duke consiga vencer o personagem. Mas o fato jamais vem a ocorrer, porque não nos interessamos pelo destino dos personagens e a tentativa de estabelecer uma história é falha. A mais ridícula tentativa de identificação com os personagens se dá através da Baronesa, que quando mocinha é loira e quando vilã é morena e usa óculos. A tensão é ainda atrapalhada por já sabermos (está no trailer) que a Torre Eiffel vai desabar, façam os heróis o que fizerem para resistir, eliminando a emoção.
O filme de Sommers contém ainda tantos fatos esdrúxulos que preferi enumerá-los:
• As granadas arremessadas pelos personagens do Exército na primeira cena de ação explodem muito perto dos Cobras, mas os personagens sequer se mexem – claro, quando gravaram a cena não havia as explosões;
• Duke anda com uma foto de sua ex-namorada que não vê há quatro anos e da qual já desistiu no meio de uma missão do Exército;
• Duke e Ripcord são levados para a base ultra-secreta dos Joes sem hesitação;
• Duas crianças que duelaram um dia e foram treinadas pelo mesmo mestre no Japão se encontram em lados opostos das forças do filme – uma história pouco verossímil;
• Baronesa de “Cobray” exigiu risadas ao ser mencionado na telona;
• Ter que usar palavras celtas para ativar certos comandos de um Caça é ridículo, os personagens descobrirem esse fato sem maiores indicativos é mais ainda, completado por ter uma personagem que sabia que palavras dizer, e sempre acerta na primeira tentativa;
• São realizadas inúmeras e ridículas tentativas de demonstrar o entrosamento dos personagens, como uma cena desnecessária ambientada na academia da base;
• A personagem Scarlett (Rachel Nichols) é super-inteligente, exímia lutadora, bonita, divertida... é a mulher perfeita? (E ainda assim não consegue cativar);
• Os diálogos risíveis, como o ocorrido em uma perseguição do ninja Snake Eyes aos vilões, no qual Baronesa exclama: “Ele deve ter desistido!”, ao que Storm Shadow prontamente retruca: “Ele nunca desiste!”.
O elenco é extremamente homogêneo – todos estão péssimos –, com destaque para Tatum, que encarna um dos protagonistas mais ridículos dos últimos anos (e nesse aspecto Transformers 2 é um filme superior, por contar com o carisma de Shia LaBeouf). Marlon Wayans exagera nas piadinhas com as quais se acostumou após a série Todo Mundo em Pânico, o que nada lembra seu ótimo desempenho em Réquiem para um Sonho. Sienna Miller e Rachel Nichols surgem apenas para desfilar sua beleza na tela. Até mesmo Jonathan Pryce, que está interessante como o governador de Piratas do Caribe, por exemplo, surge apático ao encarnar o presidente dos Estados Unidos. Ainda: a presença de Arnold Vosloo no elenco é um péssimo indicativo de baixa qualidade, o que é comprovado pelos assobios irritantes de seu personagem.
As cenas de ação são interessantes, e a queda da Torre Eiffel impressiona – faz parecer que é um filme-catástrofe do Roland Emmerich, mas pecam pelos exageros, criando tecnologias e batalhas tão irreais que não somos capazes de crer minimamente na viabilidade delas no contexto da história. A trama boba não consegue sequer me fazer recordar de algumas de minhas ótimas brincadeiras da infância.
2 estrelas em 5




TV:

1) True Blood 2x07
Sam escapa por pouco do ritual de MaryAnn, auxiliado por um desnorteado Andy Bellefleur. O metamorfo não sabe o que fazer após uma conversa com Daphne, que lhe explica tudo sobre a misteriosa mulher. Descobrimos que MaryAnn é uma Mênade! As Mênades eram as sacerdotisas de Dioniso (ou Baco, para os romanos), e as principais organizadores de suas festividades (ou banquetes, ou bacanais), que eram regadas a vinho e sexualidade, com danças esfuziantes, sacrifício de animais e até de homens. Ainda não decidi se estou satisfeito ou não com a revelação. Não deixa de ser interessante envolver mitologia grega no mundo sobrenatural dos vampiros estabelecido na série. Veremos o desenrolar dos acontecimentos, mas certamente haveria de ser algo do gênero. Lorena impede Bill, sua criatura, de ir salvar Sookie, mesmo após o perigo que este sabe que a garota corre. Conhecemos mais do passado dos dois, e descobrimos que o vampiro sempre foi diferente e mais humano que os outros, e fugia desse aspecto para agradar a sua criadora, tendo se arrependido dos sacrifícios após décadas. Agora está mais clara a associação do vampiro com Louis, personagem das crônicas de Anne Rice, o mais humano dos vampiros da Literatura. No quarto vizinho, Jessica e Hoyt formam o casal mais fofo da série, estabelecendo desde já um sentimento puro e humano. A garota está sendo bem criada por Bill, com o auxílio fundamental de Sookie, e lamento que ela esteja inserida em uma mera subtrama.
Na Sociedade do Sol, Sookie descobre que Hugo, o amante da vampira Isabel, é o grande traidor, e seu motivo é simplesmente a recusa de seu amor de transformá-lo em vampiro. Aliás, este drama parece afligir grande parte dos contos vampirescos. Por isso eu gosto de Lestat (o protagonista das histórias de Anne Rice), que age de maneira impensada e cria vampiros quando gosta das pessoas, ao invés de ver em si uma maldição que não deve ser propagada às pessoas que ama. Após correr extremo perigo, surge aquele que deve ser Godric (apesar de me parecer mais alto que nas memórias de Eric, e sem algumas tatuagens – seria pintura?) e a salva. E agora? O que levou o vampiro bimilenar a ser preso pela Sociedade do Sol? Será que eles possuem um poder que desconhecemos? Algum outro ser sobrenatural os auxilia? Para concluir, o episódio mostrou a pastora Sarah alvejando seu novo amado Jason Stackhouse, após seu esposo descobrir sua ligação com Sookie. Terá morrido o irmão da protagonista? Que surpresas Alan Ball (o criador da fabulosa Six Feet Under e de True Blood) nos reserva? Excelente episódio, mais uma vez!
Nota: 10




Quadrinhos:

1) X-Men Extra 91
X-Men Extra começa com a segunda história de Warren Ellis e Simone Bianchi à frente de Astonishing X-Men. Não sou muito fã do traço do italiano, que em alguns quadros deixa os personagens estranhos, mas a coloração de Simone Peruzzi está razoável. A trama mostra a equipe de Ciclope chegando ao tal cemitério de espaçonaves nunca citado na cronologia dos mutantes e enfrentando a resistência do tal mutante com dons de combustão. Uma caixa estranha é apresentada e um tal Anexo é citado. A história até aqui tem bons momentos isolados, como o arremesso especial de Armadura e Wolverine, mas ainda não engrenou e as edições parecem ser episódicas, com mudança de cenário e foco narrativo, mantendo apenas a idéia central por trás. Ellis é excelente nos diálogos, com destaque mais uma vez para Emma Frost que, ao precaver os colegas de equipe sobre a ilha, conclui: “E, em nome de tudo que é mais sagrado, não usem os banheiros. E, sim, eu sou esnobe. Não havia a menor necessidade de todos pensarem isso ao mesmo tempo”. Ademais, não suporto esse novo Ciclope que decidiu sacrificar vidas quando se fizer necessário. Muito engraçado da parte dele criticar Xavier por ser uma pessoa que precisava tomar decisões difíceis e facilitava a vida de seus pupilos escondendo estes fatos deles, mas estar agora se tornando um líder de guerrilha e não mais um herói.
Cable continua em um ritmo um pouco mais lento que a maior parte das histórias da editora, abrindo espaço para diálogos e para a bela arte pintada de Ariel Olivetti. Reencontramos Míssil, que afirma ser o último mutante vivo no futuro visitado pelo protagonista. Nathan foge de Bishop com a ajuda da garçonete Sophie, mas parece se arrepender de deixar seu amigo e pupilo Sam para enfrentar um excelente soldado como Bishop. O final deixou bem claro que Cable está cansado de fugir e vai enfrentar seu perseguidor. Parando para refletir, foi uma boa idéia da Marvel colocar dois de seus melhores soldados em uma aventura estilo gato e rato.
O primeiro arco dos Novos Exilados conclui de maneira boba. Buscando variar um pouco os temas exaustivamente utilizados nas histórias da equipe, Claremont não conclui o salvamento das pessoas daquela realidade e revela que o objetivo do grupo no local era recrutar um novo integrante, a curiosa versão de Gambit no lugar, filho de Namor e de Susan Richards! De toda forma, parece que um clima vai surgir entre ele e Vampira (que óbvio!). Resta esperar para ver o que aconteceu com os demais integrantes da equipe. É incrível que o título ainda exista. Foi bom, teve seus momentos, mas...
X-Force é uma grande surpresa! Não só pelo fato da história da edição praticamente não mostrar o time de humanos anti-mutantes reunidos por Bastian no final da última aventura, mas pela coragem dos autores Craig Kyle e Chris Yost, antes responsáveis por um conjunto de histórias fracas dos Novos X-Men. Inicialmente, o espanto reside no fato de Rahne aparentar ter sofrido lavagem cerebral, e atacar impiedosamente seus colegas de equipe. Podemos ver a fúria da mutante ao liberar seus instintos, algo que raramente ocorre devido à sua natureza pacífica. Mas as surpresas não acabam aí: Lupina arranca as asas do Anjo e as leva para os Purificadores, que revelam que estas são feitas de material alienígena (ali implantado por Apocalipse após os eventos de Massacre de Mutantes) e fazem uso do sangue ali contido para criar novos soldados de asas metálicas como as do Arcanjo de outrora. O recurso foi muito inteligente e poderia inclusive ser utilizado para explicar a razão dos poderes curativos no sangue que Warren parece ter possuído há alguns anos. A aventura conclui com a metamorfose de Warren no Arcanjo, aparentemente dotado de muita fúria. Agora eu indago: e outros personagens utilizados por Apocalipse como seus cavaleiros, não guardam seqüelas? Bom, poderiam explicar Wolverine por seu fator de cura. A escura arte de Clayton Crain é muito adequada ao tom da narrativa, que é inacreditavelmente a melhor da revista.
Nota: 7

2) Universo Marvel 49
Christos N. Gage assume os roteiros das aventuras dos Thunderbolts após a saída de Ellis. O tom ácido dos diálogos permanece e a constante tensão entre os personagens parece prestes a explodir a cada instante. Um clone de Andrea Strucker surge e os irmãos Fenris parecem estar reunidos novamente. Certamente os personagens são bem menos ridículos hoje do que quando eram vilões bobos e coloridos da Marvel, mas ainda não conseguem despertar interesse. Osborn é o personagem mais complexo e anseio para saber como ele chegará ao status que vai ocupar dentro de alguns meses nas revistas da editora. Minha favorita Soprano acaba perdendo espaço sendo a única normal em meio a tantos desajustados. O Capitão Marvel, que é um Skrull disfarçado do Kree que foi seu maior pesadelo no passado, ataca a equipe, em mais um plano da Invasão. Norman surpreende oferecendo ao atacante um diálogo, deixado para a edição seguinte.
Não consigo me interessar por Motoqueiro Fantasma, muito mais adequado a revistas afastadas das grandes sagas da editora, como Marvel Max. A história não é tão ruim e revela que Danny Ketch está de volta e perseguindo Johnny Blaze, como desconfiei na história anterior. Não tenho expectativas por melhora de qualidade no futuro, infelizmente.
O Incrível Hércules apresenta o semideus grego e seus colegas de outros panteões finalmente alcançando a área dos sonhos onde estão as divindades Skrulls. Descobrimos que o cachorrinho Kirby é um Skrull (não sabia que eles poderiam reduzir tão drasticamente a sua massa), o que apenas mostra que até mesmo a sétima mente mais brilhante da Terra (Amadeus Cho) pode ser enganada pelas emoções. Lutas devastadoras acontecem, Pássaro da Neve é deixada para trás e os personagens finalmente encontram um Deus Skrull.
O Quarteto Fantástico de Millar tem uma história corrida, na qual Ben vai ao David Letterman assistir a uma entrevista da nova banda de Johnny Storm, mas este, a caminho, é surpreendido pelo ataque de sua ex-paquera Cindy e seu pai Luminal. Após um duelo rápido, surge o tal Encapuzado e derrota o Tocha Humana com facilidade. Susan janta com Alyssa Moy e esta revela que seu marido planeja levar apenas os favorecidos para a Terra artificial por ele concebida. Enquanto isso, Reed trabalha no laboratório e Johnny descobre que a equipe liderada por Bruce Banner (??) capturou ninguém menos que Galactus! Suspeito que os personagens tenham vindo do futuro. A edição em geral foi morna, com destaque para o menos interessante membro da família mais querida da Marvel.
Nota: 6.5

3) Os Novos Vingadores 66
A revista inicia-se na história dos Vingadores ainda na Terra Selvagem, e conhecemos a origem do Capitão América Skrull e de como a nave que os maiores heróis da Terra encontraram no jurássico ambiente foi montada com Skrulls que se voluntariaram para sofrer lavagem cerebral e implantes de memórias extraídas dos Vingadores (em oportunidades como a vista na minissérie dos Illuminatti) e realmente crêem serem aqueles heróis. É uma excelente idéia de Bendis, mas que não foi muito bem aproveitada. A nave simplesmente pousa na Terra Selvagem e entrete os heróis em lutas e confusão, mas não é realmente determinante para o sucesso da Invasão, mais centrado na infiltração de Skrulls em posições de destaque na camada de super-heróis, como a Mulher-Aranha, o Jaqueta Amarela, Jarvis, Dugan e outros. De qualquer maneira, isoladamente esta história é ótima, e finalmente percebemos que a Rainha Skrull é deveras inteligente e boa estrategista, para ter concebido plano tão ambicioso.
A ridícula história da Miss Marvel apresenta a heroína combatendo uma espécie de super-superskrull! =P Um ser irracional que lembra um macaco e que assimila um sem-número de poderes e alterna entre eles instantaneamente, aterrorizando os próprios alienígenas. A única cena relevante é a que mostra Carol descobrindo que o poderoso ser tem uma marca da Hidra. Não é de espantar, já que a Mulher-Aranha (ou melhor, a Rainha Skrull) se envolveu com a facção. Felizmente, a revista dá sinais de que está deixando a Invasão de lado para voltar a suas tramas péssimas.
Thor volta às páginas da revista e apresenta uma história fabulosa. Confesso que estava receoso com essa nova geração asgardiana, com uma Asgard dentro da Terra, e personagens um pouco descaracterizados. Mas meus receios eram completamente infundados. Com nove edições, posso afirmar que J. Michael Straczynski trouxe frescor novo ao personagem. Após o Ragnarok, os deuses nórdicos ganham uma nova chance. Thor ressurge e recria Asgard à sua maneira, flutuando sobre uma paisagem desértica dos Estados Unidos (claro, claro, o que Thor iria fazer no deserto de Gobi?) e aos poucos busca seus conterrâneos adormecidos no corpo de mortais. E assim surgem Balder, Heimdall, Volstagg, Hogun e Fandral. Até agora nenhum sinal de Sif, e Loki retornou, mas no corpo de uma mulher. Obviamente, o maior trapaceiro (ops, trapaceira) do Universo Marvel fez seu meio-irmão crer que estava regenerado(a) e já começa a realizar as armações e subterfúgios tão característicos de sua personalidade. Nessa edição, a deusa persuade o nobre Balder a sair pelo mundo em busca de aventuras, ao invés de permanecer em Asgard enquanto apenas Thor se diverte. Balder enfrenta gigantes do gelo e acaba sendo preso, e salvo por seu líder. A história conclui de maneira genial: Loki revela a Balder que este também é filho de Odin e teria tanto direito ao trono de Asgard quanto Thor. Na mitologia nórdica, o deus-supremo Odin é realmente pai tanto de Thor quanto de Balder, e esse fato era ignorado pela Marvel. Até agora! Os nórdicos sempre me fascinaram no que diz respeito à sua cultura mitológica. E nas histórias da Marvel, Thor foi por muito tempo um dos melhores personagens, talvez aquele com o núcleo de apoio mais completo. Balder, Sif, Loki, os Três Guerreiros, Karnilla, Encantor... todos tão fascinantes que poderiam facilmente conduzir uma série própria. Aliás, a maioria deles é até mais interessante que o próprio Thor.
A revista conclui com mais uma ótima história do Capitão América. James “Bucky” Barnes apanha do Capitão dos anos 50 e escapa com a ajuda do Falcão. E Pecado esfaqueou Sharon Carter! Terá ela perdido o único herdeiro de Steven Rogers? Desconfio que os planos do Caveira Vermelha envolviam se apossar dessa criança, e talvez gerar seu próprio exército de supersoldados. Só nos resta continuar acompanhando a complexa trama tecida brilhantemente por Brubaker.
É uma pena que Carol Danvers tenha estragado uma revista excelente.
Nota: 7.5

domingo, 2 de agosto de 2009

Na Toca do Lobo 02

Já passa de uma da madrugada, mas eu consegui concluir a edição 2 do Na Toca do Lobo. Com isso, dei mais um passo na longa jornada de produção mensal deste periódico. Espero encontrar colaboradores em breve e aumentar a divulgação. Candidatos? =)
Também tomei uma decisão: a partir desse mês publicarei os reviews de filmes, séries e quadrinhos conforme os assista/leia aqui no blog. Talvez eu realize posts semanais com os reviews daqueles dias. Ao final do mês, reunirei todos no jornalzinho, que terá como diferencial as matérias. Assim, realizo dois objetivos: aumentar o número de posts do blog; e atender a todos os tipos de público, quer estes gostem de ler semanalmente as dicas no blog ou prefiram esperar o final do mês e ler um PDF.
Completo o post com o link da edição 2 (que também está ali do lado) e alguns vídeos comentados na seção de Tops desse número.

Na Toca do Lobo, Edição 2



(Lady Gaga - Paparazzi)


(Chicane - Poppiholla)


(La Roux - Bulletproof)


(Empire of the Sun - We are the People)