sexta-feira, 24 de julho de 2009

Cinema, Meditação e etc.

Mais vinte dias sem posts. Recebi a sugestão de tirar o Na Toca do Lobo do PDF e publicá-lo em um site ou aqui no blog mesmo. Certamente é uma involução o uso de um formato de revista/jornal, quando estes estão se extinguindo em prol do jornalismo online. Todavia, ainda não sei como proceder. Certamente os reviews seriam mais úteis na época do lançamento das coisas e não no final do mês. Há dias Harry Potter e o Enigma do Príncipe estreou, mas vocês ainda levarão mais uma semana para ler minha análise. Algo está errado, não acham? Talvez a melhor opção fosse publicar os reviews conforme eu assista/leia os objetos de revisão e ao final do mês reúno todos no PDF, acrescentando as matérias e o editorial, assim agrado a gregos e troianos. =P O que vocês pensam desse assunto?


Bem, este post tem dois temas principais, sobre os quais desejo falar há algum tempo e só hoje estou conseguindo.


Há algumas semanas fiz um curso ministrado pelo Pablo Villaça, crítico e editor do Cinema em Cena, sobre Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, realizado pela primeira vez na capital do país. O objetivo é apresentar conceitos da teoria de cinema e estimular as mentes dos alunos, para que possam analisar os filmes assistidos de maneira mais crítica.
O Pablo me surpreendeu com sua didática e com a organização dos temas apresentados, fazendo uso de trechos de inúmeros filmes, e mantendo a turma acordada através do seu bom humor. A turma foi outro espetáculo, extremamente heterogênea. Alunos de cinema, profissionais de exatas (como eu), estudantes, jornalistas, muitos funcionários públicos e até mesmo a dona de um site de Harry Potter e um bombeiro! Todos simpáticos e dispostos a contribuir para o sucesso do curso.
A primeira aula, "Histórico da Crítica, Função e Formação do Crítico" fala da primeira crítica da história, apresenta alguns teóricos importantes, que ajudaram a definir o cinema, enumera as funções e características de um crítico e o que ele não deve fazer. Mas, principalmente, elenca os principais conceitos sobre a Estética do Filme, como quadros, profundidade, perspectiva, plano e movimentos de câmera.
Na segunda aula, "A Linguagem do Cinema", observamos a evolução da linguagem cinematográfica com o passar dos anos, conforme nos tornamos espectadores mais sofisticados, introduzindo alguns dos recursos utilizados pelos criadores.
A aula seguinte, "O Cinema e a Narração", trouxe um tema que me chamou especialmente a atenção, por se tratar do aspecto narrativo dos filmes. Destaco o Modelo Actancial, elaborado por A. J. Gremais, que propõe a divisão dos personagens de uma narrativa em seis papéis (actantes): o Sujeito (quem procura conquistar algo, move a ação); o Destinador (torna possível a conquista, apresenta o objetivo); o Destinatário (quem conquista o prêmio, se beneficia do objetivo); o Objeto (o que se deseja conquistar, o que o Sujeito persegue); Adjuvante (elementos que favorecem a conquista do Objeto, ajudam); e Oponente (se opõe à conquista do Objeto, atrapalha). Nem todas as narrativas possuem os seis papéis, e em muitos casos um mesmo personagem está em vários deles.
A aula quatro, "A Montagem", versou acerca do papel do montador em uma película, seus objetos e objetivos, funções e recursos utilizados pelos profissionais do ramo para contar histórias.
A quinta aula, "O Espectador e o Fenômeno da Identificação", trata de psicologia, como funciona a mente do espectador, como os narradores cinematográficos podem fazer com que ele se identifique com elementos do filme e capturar a sua atenção pela história sendo contada. Nesta aula, destaco negativamente o uso das teorias Freudianas como base psicanalítica, sem realizar minimamente um contraposto com o outro grande teórico da área, Jung.
A sexta e deveras interessante aula, "Roteiro e Direção", iniciou com um duelo antigo entre roteiristas e diretores sobre quem deveria ser mais importante e possuidor do filme. A verdade é que tanto um quanto outro, além do montador, são igualmente importantes, sem levar em consideração todos os profissionais que de alguma forma contribuem para o sucesso da obra. A aula apresenta ainda o roteiro, sua divisão em atos, como formatá-lo, além de um conjunto de recursos passíveis de utilização na elaboração da obra inicial para gerar o filme. Um trecho do roteiro de Cidade de Deus é utilizado para ilustrar os elementos apresentados. Finalmente, os alunos são apresentados ao papel do diretor, separando diretores mais autorais (que deixam sua marca registrada) de diretores mais discretos (que se adaptam bem às necessidades, mais flexíveis).
A aula sete, "Direção de Arte, Fotografia e Som", apresenta superficialmente cada uma dessas áreas, estabelecendo os papéis de seus profissionais e organizando conceitos relacionados.
Na última aula, "Metodologia de Trabalho e Cotações", Pablo rapidamente explica seu modus operandi: levar um pequeno caderno ao cinema e realizar anotações durante a exibição, de quaisquer aspectos que chamarem a atenção. O caderno deve ser fácil de manusear e escrever sem apoio, e, como não teremos iluminação, devemos escrever sem ver, o que vai gerar muitos rabiscos de difícil compreensão. Graças a isso, ao chegar em casa devemos transcrever as anotações enquanto frescas, ampliando alguns detalhes. Por fim, quando for desejado escrever uma crítica, basta agrupar as anotações em temas (atuação, fotografia, aspectos da direção) e estes praticamente gerarão os parágrafos de seu texto final. Um exemplo de anotações transcritas e de crítica foi apresentado e um conjunto de livros importantes da área foi sugerido.
Em suma, o curso foi muito interessante e, mesmo tendo que assistir às aulas após cansativos dias de trabalho, apreciei cada instante. Os reviews de filmes na edição 2 do Na Toca do Lobo estão sendo redigidos fazendo uso das técnicas de redação de crítica sugeridas pelo Pablo.


Outro curso que fiz foi o Introdutório de Meditação Raja Yoga, ministrado pela Organização Brahma Kumaris, acerca do qual já comentei aqui (após a primeira de três aulas). Após um conjunto de conceitos importantes para a real compreensão do assunto, como o fato de sermos Alma e o Corpo ser apenas um veículo e a existência de três planos (o Mundo Físico, onde vivemos; o Mundo Sutil, uma região de luz branca sem som nem matéria; e o Mundo Incorpóreo, lar de Deus e das almas), fomos apresentados à Meditação Raja Yoga, que pode ser traduzida como Conexão com o Ser Supremo.
Meditar nada mais é do que se comunicar com Deus, escolhendo uma maneira de se relacionar com ele através de pensamentos elevados: vendo-o como uma mãe (oferece amor incondicional); pai (oferece proteção); professor (descoberta das verdades); amigo (apoio em qualquer momento); entre outros. A Meditação Raja Yoga pode ser realizada de olhos abertos e em qualquer posição, até mesmo em movimento, pois o importante é limpar a mente de impurezas, ter pensamentos elevados e conversar com Deus. Eis abaixo os passos, retirados da Apostila:
1) Desapegar o eu dos pensamentos negativos, inúteis e mundanos;
2) Criar pensamentos elevados sobre meu estado original;
3) Visualizar-se em um lar de luz espiritual e de silêncio;
4) Visualizar-se como um ponto de luz consciente diante de Deus em sua forma radiante de luz e ficar aberto para receber seu amor;
5) Experimentar diferentes tipos de relacionamento com Deus.
Ainda no curso fomos orientados sobre práticas de estudo espiritual e acerca dos benefícios de uma alimentação vegetariana. Quem sabe um dia eu abdique de ingerir substâncias de origem animal, mas ainda não estou preparado para isso.


Concluo o post com dois vídeos:



(Hayley Legg, cover da bela música Cannonball, de Damien Rice)


(The Veronicas - Untouched, recomendada na primeira edição de Na Toca do Lobo)

sábado, 4 de julho de 2009

Na Toca do Lobo

Há algumas semanas venho preparando um projeto especial, e fazendo suspense sobre o mesmo no meu Twitter. Pois então, acabo de concluí-lo. Trata-se de um jornalzinho com reviews de filmes, livros, séries, quadrinhos e música, além de algumas matérias adicionais, que escrevi durante todo o mês de junho e pretendo lançar no primeiro final de semana de cada mês.
Minha primeira dificuldade foi um nome. Pensei em utilizar algo da mitologia nórdica, mas não achei nada legal. Também pensei em indicar o tema do jornal, como "Pop News", sei lá. Mas acabei me decidindo por Na Toca do Lobo, afinal é um trabalho com o que se passa na minha cabeça. De qualquer forma, se eu encontrar um título melhor (e aceito sugestões), trocarei sem pudores, mantendo a numeração.
A segunda dificuldade foi escrever tudo. São 33 páginas, somando 16.778 palavras, a maior parte delas escritas por mim. Num mês em que recebi visita de familiares e fiz dois cursos, tive que fazer milagres. A semana passada foi especialmente corrida, e acabei decidindo cortar algumas coisas, como um conto que me faria retornar à narrativa após um ano e meio.
A terceira dificuldade foi a diagramação e o visual, partes da produção de um jornal que eu decididamente não sei fazer. Mas como eu queria fazer suspense, acabei não pedindo ajuda a ninguém. Bom, chega de enrolação. Com vocês: