domingo, 22 de fevereiro de 2009

Oscar 2009

Bem, hoje é o Oscar. Assisti a quase todos os indicados (faltou Frost/Nixon =///), exceto os documentários, os curta-metragens (e ainda vi 3 dos 5 curtas de animação) e os estrangeiros (dos quais vi apenas Valsa com Bashir). Abaixo meus comentários sobre os 5 últimos. O post está corrido, pois estou viajando e fazendo as coisas nos computadores dos amigos, e nas brechas entre programas.


Milk - A Voz da Igualdade

Um dos filmes que mais me interessavam entre os indicados era Milk, por se tratar da história verdadeira de um dos primeiros ativistas homossexuais da história, nos anos 70. E o filme correspondeu à minha expectativa. Sean Penn está perfeito como Harvey Milk, um gay que decide se envolver com a política de São Francisco. E suas atividades políticas são meras coadjuvantes se comparadas à importância para a comunidade LGBT (ou seja lá como andem se denominando atualmente, já que andam em eterna mudança) que a sua figura pública representou, possibilitando à classe obter e lutar pelos direitos que hoje possui, como o casamento. Josh Brolin está muito bem como o antagonista de Milk (embora não tanto a ponto de merecer uma indicação, seu trabalho em Onde Os Fracos Não Têm Vez foi muito superior), Emile Hirsch também vai bem, e James Franco surpreende como o namorado de Milk. A reconstrução de época é perfeita, e em muitos momentos torna-se difícil dizer se estamos vendo imagens de arquivo ou a filmagem de Gus Van Sant.
5 estrelas em 5


Valsa com Bashir (Israel)

Quando me disseram que Valsa com Bashir era um documentário em animação israelense, este fato despertou a minha curiosidade. Um documentário em animação? Louvável! O filme conta a história de alguns israelenses que tomaram parte na Guerra do Líbano há cerca de 20 anos, e como esta guerra os afetou psicologicamente, ao ponto de alguns deles terem lapsos de memória acerca do que realmente vivenciaram. O filme é uma obra de arte, no que diz respeito à sua narrativa e à criatividade no uso da animação. A "fotografia" é espetacular, utilizando-se de tons amarelados ao retratar imagens da guerra e mesmo de um estilo antiquado ao rememorar fatos da II Guerra Mundial. A história é interessante, mas a construção visual (que une animação, trilha sonora, criatividade na fusão de ambas e nas sequências de animação, cenários, fotografia, etc.) é realmente o ponto forte da obra.
5 estrelas em 5



O Casamento de Rachel

Há meses ouço falar que uma indicação de Anne Hathaway ao Oscar por seu desempenho nesse longa era certa. Realmente a previsão foi concretizada, e Hathaway decididamente merece a indicação, pois oferece uma excelente atuação como Kym, uma dependente que sai da clínica de reabilitação direto para o casamento de sua irmã Rachel (Rosemarie DeWitt). O filme gira em torno do final de semana da família, e foca na conturbada relação entre as irmãs e seus pais separados. É basicamente um drama familiar focado no diálogo e nas brigas entre todos. A direção de Demme (Silêncio dos Inocentes, Filadélfia) é original, fazendo bastante uso da câmera na mão (tremida e em ângulos curiosos) e da trilha diegética (sons originados no filme apenas, não realmente uma trilha), o que certamente confere ao longa um estilo documental. Assim, parecemos realmente acompanhar a vida dessa família que, afinal, não deixa de ser comum. Todas as famílias têm seus problemas, correto?
4 estrelas em 5



Dúvida

Sou obrigado a concordar com a maioria dos americanos sobre o talento de Meryl Streep. Ela parece ser incapaz de fazer um filme sequer de mal gosto ou no qual atue mal. Até mesmo em Mamma Mia (que não assisti), um musical leve e descontraído, ela conseguiu fazer com que seu papel descompromissado ganhasse uma indicação ao Globo de Ouro. E definitivamente, tendo sido indicada 15 vezes, ganhar apenas 2 Oscars é relativamente pouco. Digo que ela merecia mais. Neste Dúvida, Streep está impressionante, como de costume. Interpretando uma madre superior extremamente rigorosa e durona, mas ao mesmo tempo completamente diferente de seu papel no Diabo Veste Prada. A Irmã Aloysius é dura, e ao mesmo tempo humana. Rigorosa, mas parece apenas seguir seus princípios. Claro, o filme conta com desempenhos excelentes de Seymour Hoffman como o Padre Flynn, de Amy Adams como a Irmã James e de Viola Davis como a sra. Miller. Todos merecedores de suas indicações. O roteiro do filme é sutil e focado na guerra de interpretações, mas Streep rouba a cena.
4 estrelas em 5



Abaixo meus palpites para a premiação. Em negrito, os que acho que vão vencer. Em itálico, os que eu gostaria de ver vitoriosos. As categorias que não têm itálico, eu não tenho uma preferência.



Melhor Filme

O Curioso Caso de Benjamin Button
Frost/Nixon
Milk - A Voz da Igualdade
O Leitor
Quem Quer Ser um Milionário?


Melhor Ator

Richard Jenkins - The Visitor
Frank Langella - Frost/Nixon
Sean Penn - Milk - A Voz da Igualdade
Brad Pitt - O Curioso Caso de Benjamin Button
Mickey Rourke - O Lutador


Melhor Atriz

Anne Hathaway - O Casamento de Rachel
Angelina Jolie - A Troca
Melissa Leo - Rio Congelado
Meryl Streep - Dúvida
Kate Winslet - O Leitor


Melhor Ator Coadjuvante

Josh Brolin - Milk - A Voz da Igualdade
Robert Downey Jr. - Trovão Tropical
Philip Seymour Hoffman - Dúvida
Heath Ledger - Batman - O Cavaleiro das Trevas
Michael Shannon - Foi Apenas Um Sonho


Melhor Atriz Coadjuvante

Amy Adams - Dúvida
Penelope Cruz - Vicky Cristina Barcelona
Viola Davis - Dúvida
Taraji P. Henson - O Curioso Caso de Benjamin Button
Marisa Tomei - O Lutador


Melhor Diretor

David Fincher - O Curioso Caso de Benjamin Button
Ron Howard - Frost/Nixon
Gus Van Sant - Milk - A Voz da Igualdade
Stephen Daldry - O Leitor
Danny Boyle - Quem Quer ser um Milionário?


Melhor Roteiro Original

Courtney Hunt - Rio Congelado
Mike Leigh - Simplesmente Feliz
Martin McDonagh - Na Mira do Chefe
Dustin Lance Black - Milk - A Voz da Igualdade
Andrew Stanton - WALL•E


Melhor Roteiro Adaptado

O Curioso Caso de Benjamin Button, Eric Roth e Robin Swicord
Dúvida, John Patrick Shanley
Frost/Nixon, Peter Morgan
O Leitor, David Hare
Quem Quer ser um Milionário?, Simon Beaufoy


Melhor Filme Estrangeiro

Der Baader Meinhof Komplex, de Uli Edel (Alemanha)
Waltz With Bashir, de Ari Folman (Israel)
The Class, Laurent Cantet (França)
Departures, Yojiro Takita (Japão)
Revanche, de Gotz Spielmann (Áustria)


Melhor Animação

Bolt - Supercão
Kung Fu Panda
WALL•E


Melhor Fotografia

A Troca, Tom Stern
O Curioso Caso de Benjamin Button, Claudio Miranda
Batman - O Cavaleiro das Trevas, Wally Pfister
O Leitor, Chris Menges e Roger Deakins
Quem Quer Ser um Milionário?, Anthony Dod Mantle


Melhor Direção de Arte

A Troca
O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman - O Cavaleiro das Trevas
A Duquesa
Foi Apenas um Sonho


Melhor Figurino

Austrália
O Curioso Caso de Benjamin Button
A Duquesa
Milk - A Voz da Igualdade
Foi Apenas um Sonho


Melhor Documentário

The Betrayal (Nerakhoon)
Encounters at the End of the World
The Garden
Man on Wire
Trouble the Water


Melhor Documentário em Curta-Metragem

The Final Inch
The Conscience of Nhem En
Smile Pinki
The Witness - From the Balcony of Room 306


Melhor Montagem

O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman - O Cavaleiro das Trevas
Frost/Nixon
Milk - A Voz da Igualdade
Quem Quer Ser um Milionário?


Melhor Maquiagem

O Curioso Caso de Benjamin Button, Greg Cannom
Batman - O Cavaleiro das Trevas, John Caglione, Jr. e Conor O'Sullivan
Hellboy II - O Exército Dourado, Mike Elizalde e Thom Floutz


Melhor Trilha Sonora

O Curioso Caso de Benjamin Button
Um Ato de Liberdade
Milk - A Voz da Igualdade
Quem Quer Ser um Milionário?
WALL-E


Melhores Efeitos Visuais

O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman - O Cavaleiro das Trevas
Homem de Ferro


Melhor Canção Original

"Down to Earth", WALL-E
"Jai Ho", Quem Quer Ser um Milionário?
"O Saya", Quem Quer Ser um Milionário?


Melhor Curta de Animação

La Maison en Petits Cubes
Lavatory - Lovestory
Oktapodi
Presto
This Way Up


Melhor Curta-Metragem

Auf der Strecke (On the Line)
Manon on the Asphalt
New Boy
The Pig
Spielzeugland (Toyland)


Melhor Edição de Som

Batman - O Cavaleiro das Trevas
Homem de Ferro
Quem Quer ser um Milionário?
WALL-E
O Procurado


Melhor Mixagem de Som

O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman - O Cavaleiro das Trevas
Quem Quer ser um Milionário?
WALL-E
O Procurado

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Mais e Mais Filmes

Povo querido! Não sei mais se conseguirei cumprir minhas necessidades oscarizáveis antes da cerimônia, porque fui pego desprevenido com umas possibilidades no trabalho e provavelmente esse será meu último post antes de minhas curtas férias. Na primeira semana de março voltarei com algum possível comentário sobre o Oscar e o relato dos passeios (YES, eu VOU para o Encontro ;D).


The Visitor


The Visitor (aparentemente ainda sem título em português) é um filme intimista americano, pouco conhecido, com elenco pouco famoso, e a segunda aventura na direção/roteiro do normalmente ator Tom McCarthy. Devo dizer que é um filme belíssimo! Richard Jenkins é o professor Walter Vale, um homem conformado em fazer o mínimo possível para ir levando sua vida. Até que, em uma situação que apenas o destino (ou um bom roteirista =P) poderia proporcionar, Walter conhece o casal Tarek e Zainab, ele sírio e ela senegalense. Timidamente, Walter empatiza com os dois estrangeiros e logo assume uma figura semi-paterna, semi-fraternal, sobretudo com Tarek. E a vida deste homem, que nada tinha de interessante, passa a ter sentido. Jenkins põe toda a sua alma na interpretação e certamente é merecedor da indicação ao Oscar (aliás, comparando com os desempenhos de Rourke e Pitt, eu daria a estatueta a ele - mas ainda preciso ver Penn e Langella), embora sua chance de vitória seja próxima de zero (sendo pouco conhecido, ele certamente seria o azarão). O filme toca nossos corações, com interpretações vivas (destaque também para Hiam Abbass com Mouna, a mãe de Tarek) e roteiro excelente.
5 estrelas em 5




Um Ato de Liberdade


Daniel Craig é mais conhecido por seus papéis nos dois últimos 007, interpretando o famoso agente galanteador. Contudo, volta e meia ele se dedica a projetos menores, e com roteiros promissores. Foi assim com Reflexos da Inocência, e é assim com Um Ato de Liberdade. A película conta a história dos irmãos Bielski, 4 judeus da Bielo-Rússia, tentando sobreviver em meio aos massacres perpetrados pelos alemães na II Guerra Mundial. Obviamente, não deve haver histórias felizes de holocausto (a não ser que sejam de humor negro =P), então o filme é triste e comovente. Tuvia Bielski (Craig) lidera uma Otriad (espécie de resistência judaica), que aos poucos cresce e logo se torna uma grande comunidade de judeus, escondidos em uma floresta. Tuvia é acompanhado pelo irmão Zus (interpretado impressionantemente bem por Liev Schreiber, o que me deixou ansioso pelo seu Dentes de Sabre no filme de Wolverine), e a dualidade de pensamentos da dupla dita o ritmo de boa parte da história. O filme conta com um bom elenco de apoio e cumpre o seu papel, de narrar a história verídica de uma das mais conhecidas resistências aos alemães.
5 estrelas em 5



O Leitor


De um filme de holocausto para um que não é exatamente do holocausto, mas do pós-guerra na Alemanha. O Leitor é o novo esforço de Stephen Daldry na direção (após os badalados Billy Elliot e As Horas - descobri agora que seu próximo projeto será a adaptação do livro As Aventuras de Kavalier e Clay, um dos meus favoritos!!! Ahhhh, preciso ver isso na telona!), acompanhado por um elenco fabuloso, liderado obviamente por Kate Winslet (ah-rá, uh-rú, o Oscar é dela! =PPP) e pelo desconhecido David Kross, contando ainda com um sempre ótimo Ralph Fiennes (vejam como ando falando dele por aqui - A Duquesa e Na Mira do Chefe). A história trata de um jovem alemão chamado Michael (Kross) e seu romance com uma mulher mais velha, Hanna (Winslet). A narrativa se divide claramente em três partes principais (poderia chamar de atos, mas não tenho o know-how pra dizer se realmente são três atos no filme =P), que não posso detalhar aqui sem ser spoiler. Mas uma delas envolve Michael crescido (Fiennes) e as outras duas sua juventude, separadas por alguns anos. A primeira delas trata do belo romance do casal. Não quero revelar mais, mas a reviravolta da trama define a vida de Michael dali para frente. A história está dividindo opiniões mundo afora, mas eu a achei belíssima. O crítico Pablo Villaça, do Cinema em Cena, publicou uma crítica excelente, que pode ser lida aqui.
5 estrelas em 5




Hellboy 2


Pode parecer até estranho, mas eu até agora não tinha assistido Hellboy 2! =P A história da continuação é boa, embora falte alguma coisa, mas mesmo assim vale o ingresso. Na verdade, os quadrinhos de Mike Mignola nos quais Guillermo Del Toro inspirou os filmes são da mesma forma. Nada excepcional, mas momentos de absoluta criatividade fazem valer a leitura. O visual do longa é impressionante, em sua riqueza de criaturas fantásticas, todas extremamente bem construídas (Del Toro é um dos maiores especialistas nesse ramo do mercado hoje), e em suas cenas de ação envolventes. Mas, claro, seu principal apelo, no meu ponto de vista particular e completamente parcial, está na presença da atriz Selma Blair. Totalmente diferente das beldades hollywoodianas, Selma tem algo que chama a minha atenção, e gosto de assistir filmes com ela (apesar de ter visto poucos)! E sua personagem também é uma das mais legais, claro. Hehehehe.
4 estrelas em 5




Ando ouvindo a trilha sonora do anime Nana no meu carro, e decidi deixar aqui dois vídeos: a abertura do anime (com a música Rose) e o clipe da balada Kuroi Namida, interpretadas pela excelente Anna Tsuchiya.








E é isso! Tentarei vir aqui antes do Oscar deixar os meus palpites, ok? ;D

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Carnaval

Queria ir, mas acho que não vou:











Imperdível!
Acessem o site oficial aqui:
http://novaconsciencia.multiply.com/journal
A programação ainda está saindo.

E acessem
http://www.youtube.com/user/ongnovaconsciencia para vídeos de palestras, shows e do incomparável Ato Ecumênico!

Participei do evento de 1999 a 2007. Infelizmente não pude comparecer em 2008 e há grandes chances de minha participação neste ano ser vetada também. =(
Mas divulguem o evento, participem, ajudem! Um encontro de pessoas que buscam a paz não pode ser ruim, pode?

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Mais Filmes!

Austrália

Baz Luhrmann é um diretor com certa originalidade no seu modo de unir cinema e teatro, fazendo seus filmes lembrarem um pouco espetáculos, muitas vezes tendendo para o brega. Nunca assisti sua versão do clássico romance de Shakespeare, mas sou um grande apreciador do belíssimo Moulin Rouge, dotado de cores intensas, músicas harmoniosas, uma Nicole Kidman no auge da forma e o costumeiramente bom Ewan McGregor, para não falar no elenco de apoio, que inclui até mesmo a cantora Kylie Minogue. Como musical, deve um pouco a Chicago, mais bem estruturado e com números memoráveis. Mas o enredo de Moulin Rouge é mais belo. Dessa forma, eu acreditava que Austrália pudesse se assemelhar em algo ao que tinha visto 7 anos antes. E a única comparação justa entre os dois filmes diz respeito ao seu lado teatral. Nos demais aspectos, definitivamente Austrália sai perdendo. Todavia, não é um filme ruim. Conta a história de Lady Sarah Ashley (Kidman), uma aristocrata inglesa que vai à terra dos cangurus visando trazer seu marido de volta e fazê-lo se livrar das propriedades que mantinha no país. Mal Sarah aterrisa na Austrália e se depara com seu marido assassinado. Então ela tem o desafio de atravessar parte do país conduzindo uma boiada para venda no porto antes que o dono de todas as outras terras, o poderoso King Carney, consiga frustrar seus planos. Ambientado às vésperas da II Guerra afetar o país, o filme nos apresenta ao Capataz, interpretado por Hugh Jackman como um homem rude, mas não menos galã. O grande problema da película, que conta com uma direção artística muito boa, de cenários a figurino, reside na indecisão do seu gênero. Há excelentes filmes que flertam com mais de um gênero, mas Austrália hora é uma homenagem a E O Vento Levou (com Hugh Jackman fazendo um razoável Rhett Butler e Kidman uma empalidecida Scarlett O'Hara), hora é um faroeste e hora é até mesmo um filme de guerra. Infelizmente, o novo trabalho de Luhrmann não se dá bem em nenhum dos gêneros. E saí do cinema desejando rever a obra prima de 1939 para me lembrar como é um romance épico de verdade.
3 estrelas em 5



Na Mira do Chefe

Lembro de ver o cartaz desse filme no cinema muitos meses atrás, mas jamais me passou pela cabeça assisti-lo. Afinal, pensei eu, é mais uma comédia boba hollywoodiana. Ledo engano. É uma comédia sim, mas de humor negro e britânico. E estrelada por um elenco soberbo. Mas, principalmente, contando com um roteiro espetacular e apreciador de reviravoltas. Ray (Colin Farrel) e Ken (Brendan Gleeson) são dois assassinos que estão de chegada à histórica cidade de Bruges, na Bélgica (não confundir com Bruxelas, sua capital), sob ordens de seu chefe Harry (Ralph Fiennes), afinal precisam dar um tempo de Londres. Ken é tranquilo e está feliz de poder conhecer os monumentos, prédios históricos e museus de tão antiga cidade. Já Ray está entediado, ansioso para voltar a Londres, e buscando, pelo menos, curtir a cidade de outras formas, como provando a cerveja local, e se envolvendo com garotas belgas, entre elas Chloë (Clémence Poésy, a Fleur Delacour de Harry Potter e O Cálice de Fogo). Farrel e Gleeson montam uma dupla divertida e extremamente harmônica. Fiennes está excelente, como sempre. E até mesmo Poésy surpreende com uma atuação leve, mas satisfatória. Recomendo para aqueles que apreciam um pouco de humor negro e roteiros mirabolantes.
4 estrelas em 5




Rio Congelado

Rio Congelado conta a história de Ray Eddy (Melissa Leo, ótima e merecedora de sua indicação ao Oscar), uma mãe de família que precisa buscar uma fonte de renda maior para melhorar as condições de vida de seus filhos TJ, de 15 anos, e Ricky, de 5. Após juntar dinheiro para comprar uma daquelas casas pré-moldadas americanas, seu marido some com a grana. Na mesma época, Ray acaba conhecendo Lila (Misty Upham), uma índia Mohawk especialista em ganhar um extra atravessando estrangeiros do Canadá pros Estados Unidos, fazendo de carro o caminho entre os dois países que fica no território Mohawk e dependa da travessia de um rio congelado. Lila tem seus próprios dramas pessoais e Ray é uma mulher sofrida, buscando simplesmente um pouco de dignidade. O filme não é excelente, mas é uma bela e triste história, provavelmente similar a de muitas pessoas residentes em lugares fronteiriços, sobretudo com os Estados Unidos (que parece ser o país com mais problemas de imigrantes ilegais, ou ao menos o mais discutido).
4 estrelas em 5



Foi Apenas Um Sonho

Revolutionary Road (detestei esse nome nacional) conta com um time formidável na sua equipe: o diretor Sam Mendes (do magnífico Beleza Americana), sua talentosa esposa Kate Winslet (já declarei aqui o quanto a admiro), o sempre bom Leonardo DiCaprio (ou seja, o casal Jack e Rose do melo$o Titanic), a irregular Kathy Bates (que também faz uma ponta em Titanic, conta com excelentes performances em sua carreira - cito a de Tomates Verdes Fritos, para dar apenas um exemplo, mas também com catastróficas, como sua aparição no recente O Dia em Que a Terra Parou), e o excepcional, para mim desconhecido (ok, acabo de descobrir que vi pelo menos mais 3 filmes com ele, mas juro que não lembrava da sua cara =PPP), Michael Shannon (o único do time reconhecido pela Academia com uma indicação). O filme conta a história de Frank (DiCaprio) e April (Winslet) Wheeler, um jovem casal americano nos anos 50, vivendo o American Way of Life em todo o seu esplendor, ou seja, ele é um trabalhador dedicado, mas frustrado; e ela é uma dona de casa talentosa, mas que gostaria de ter sido atriz. O casal vive na Revolutionary Road, uma rua que parece ter em seu nome um estímulo para que os Wheeler consigam sair do marasmo de suas vidas. E April faz a Frank a corajosa proposta: largar tudo e ir para Paris, viver uma nova vida, ou simplesmente viver. O casal está em crise durante boa parte da projeção e acompanhamos suas discussões volta e meia. Claro, Kate e DiCaprio estão excelentes em seus desempenhos e decididamente mereciam indicações (e eu amaria ver Winslet ganhar dois Oscars num único ano), mas Shannon está fabuloso e original, e teria chances de ganhar caso Heath Ledger não fosse seu adversário. John, seu personagem, tem problemas psiquiátricos, mas ainda assim parece o único além dos Wheeler a perceber que todos ali vivem uma mentira, da mesma forma como vivemos nós aqui no Brasil, seguindo as tendências da moda, comprando as novidades, assistindo os Big Brothers da vida, tendo nossas mentes moldadas pela mídia, necessitando trabalhar em entediantes cargos públicos apenas pela estabilidade desses, afinal quem deseja uma vida cheia de emoções, não é mesmo? Como filme, tem algumas falhas e a direção de Mendes nem chega perto ao seu debute nas telas. Mas este aspecto em especial me tocou profundamente. Me emocionei na sala escura do cinema ao trazer a questão para a minha própria vida. Eu estou feliz na minha profissão? Ou estou caminhando para me tornar um profissional frustrado, como a maioria das pessoas hoje parece ser? Se eu recebesse um convite para ir a Paris (metaforicamente falando), teria coragem de largar tudo e ir? Sempre busquei me enxergar como um tipo corajoso, que seria capaz de passar fome para ser feliz. Mas quando a responsabilidade bateu à minha porta, me acovardei. Há meses faço essas reflexões, que só foram ampliadas pela temática do filme. Mas, deixando a minha vida de lado, o filme é muito bom, apesar de ser carregado pelo elenco.
4 estrelas em 5

Para encerrar, deixo-os com uma belíssima apresentação acústica de minha cantora favorita, a Melanie C, cantando Carolyna, terceiro single de seu mais recente álbum, This Time (2005, o quarto da carreira solo). Quem se interessar, me avise, pois faço questão de divulgar sua música. ;D